22 de outubro de 2015

O sentimento do mundo…

Por Nathália Penteado

Entre euforias e depressões me encontro no dilema sentimental mais profundo. A reflexão sobre minha própria vida e minhas convicções tem flutuado entre certezas e perguntas sem resposta.

Tinha pra mim que ao chegar a maioridade seria um ser humano completo de pensamentos, virtudes e convicções bem embasadas. Como sempre a vida surpreende e vez ou outra me pego em momentos nos quais não sei bem nem como cheguei até aqui.

Tenho me perguntado o que tenho feito em meu favor; automaticamente me respondo com um simples: NADA!

No âmbito profissional tenho como consciência de ser uma pessoa realizada, trabalho no que gosto, faço por amor e acredito que todo o conhecimento sobre minha área extremamente válido e enriquecedor.

No pessoal porém não encontro nada….

Desde o início da vida adulta me coloquei dentro de uma caixa blindada da qual vi e vejo a vida passando lá fora e eu sem mexer um músculo vendo tudo mudando. Tenho compreensão que é uma das razões por não aparentar a idade que possuo, não esteticamente, mas internamente.

O fato de não ter vivenciado coisas comuns e triviais são responsáveis por muitos bloqueios em minha vida. Mas afinal, quem é o culpado? MINHA CULPA!

Aos 26 anos, sem habilidade alguma para me impor como um ser adulto, por não ter autonomia em sua vida privada e particular (o fato de morar com os pais não é justificativa para a falta de autonomia), a completa ausência de experiência em relacionamentos e minha reclusão tornaram a vida “um pouco” mais difícil de compreensão.

Julgando literalmente o livro pela capa nunca fui capaz de me aceitar como sou, muito menos em crer que algum dia seria possível que alguém gostasse de mim (tirando familiares). Pois trocando em miúdos como alguém pode gostar de uma pessoa, que não gosta de si mesmo. Tenho a resposta pronta, porém não encontro uma forma de mudar a visão disso. Posso mudar várias coisas em mim: a cor do cabelo, o brinco, a roupa, emagrecer, engordar, virar cambalhota, mas mesmo assim continuarei me sentindo um pedaço de carne ambulante que tem coisas e obrigações para fazer.

Podem chamar do que quiser, esse sentimento eu tenho desde que eu me conheço por gente. Sou rabugenta, pessimista, sarcástica e como alguns dizem de mal com a vida, pois assim que ela foi construída. Infelizmente é assim que é.

Talvez o meu paraíso secreto seja viver em um local afastado totalmente reclusa da sociedade sem qualquer contato com outros meios, assim quem sabe talvez algumas coisas mudem.

Sair com as amigas e sempre, digo sempre mesmo, ser a única que ninguém queria fazer companhia. Ser a única que sempre estava sozinha. Ser a única que não namorava. Ser a única que depois de adulta não bebia ou ia pra balada. Aquela que não se entregava a qualquer gajo da esquina e nem ao menos se entregou a ninguém. Ser sempre A VELA. Arranjar namoro para os outros e eu sempre “sobrava”. Ser olhada como esquisita e confundirem o fato de ser uma pessoa com personalidade com homossexualidade. Pois bem…. dentre tantas rejeições na minha vida nenhuma me surpreende mais.

O pessoa te quer porque você é “fofinha”, VTNC, eu não sou fofinha, eu sou gorda. E a pessoa tem que querer um todo e não a carcaça, se for assim é só ir no necrotério que vai ter carcaça pra caramba por lá.

Alguns dizem que sou exigente, ora, mas é claro que sim, não é porque ninguém me deseja que eu tenho que aceitar o primeiro que aparece. Eu me dou o direito de permanecer pelo tempo necessário sem qualquer contato ou relacionamento com qualquer homem . É um direito que eu tenho.

Mesmo assim sei que acabo sendo julgada pelas outras pessoas. Enfim o julgamento é delas e não o meu. Não são elas que acordam todos os dias e se olham no espelho e nem são elas que vivem a minha vida…

Finalizando o “desabafo” fique com o texto do Kierkegaard para reflexão:

Rir é arriscar-se a parecer louco.
Chorar é arriscar-se a parecer sentimental.
Estender a mão para o outro é arriscar-se a se envolver.
Expor seus sentimentos é arriscar-se a expor seu eu verdadeiro.
Amar é arriscar-se a não ser amado.
Expor suas idéias e sonhos ao público é arriscar-se a perder.
Viver é arriscar-se a morrer…
Ter esperança é arriscar-se a sofrer decepção.
Tentar é arriscar-se a falhar.

Mas… é preciso correr riscos.
Porque o maior azar da vida é não arriscar nada…

Pessoas que não arriscam, que nada fazem, nada são.
Podem estar evitando o sofrimento e a tristeza.
Mas assim não podem aprender, sentir, crescer, mudar, amar, viver…
Acorrentadas às suas atitudes, são escravas;
Abrem mão de sua liberdade.
Só a pessoa que se arrisca é livre…

“Arriscar-se é perder o pé por algum tempo.
Não se arriscar é perder a vida…” – Soren Kierkegaard